Do Altar às Passarelas. Da Anorexia Santa à Anorexia Nervosa.

Do Altar às Passarelas. Da Anorexia Santa à Anorexia Nervosa.

Hoje a anorexia continua a se transformar. (…) Como bem dizem os autores, as anoréxicas trazem em si o novo e o antigo, o variável e o estável, num constante desafio aos psicopatologistas. (…) Nua, lisa, sem dobras, bela, corrigida, maquilada, quase deificada, a magreza reina. (…) Mas até quando?

  • Capa comum: 112 páginas
  • Editora: Annablume; Edição: 1 (1 de janeiro de 2006)
  • Idioma: Português
  • ISBN-10: 857419638X
  • ISBN-13: 978-8574196381
  • Dimensões do produto: 20,8 x 13,6 x 0,8 cm
  • Peso de envio: 59 g

Geração Delivery. Adolescer No Mundo Atual.

Geração Delivery. Adolescer No Mundo Atual.

Ser adolescente, hoje, é muito mais difícil do que foi em épocas passadas, ainda que aparentemente as coisas estejam muito mais fáceis para os jovens. Os pais são mais compreensivos, mais tolerantes, há maior liberdade sexual, maior liberdade de expressão, maior liberdade para escolha profissional. Essa dupla mensagem da sociedade, por um lado acreditando que hoje tudo é mais fácil e por outro sendo cada vez mais exigente no que diz respeito à competência profissional, à estética, ao sucesso, etc, é responsável por novos sintomas que se manifestam nas relações familiares, na escola e no próprio corpo. Pensando nas muitas queixas que tem ouvido de pais e professores, a autora convidou profissionais que trabalham com adolescentes, em diferentes áreas, para contarem sua experiência.

 

  • Capa comum: 216 páginas
  • Editora: Sá; Edição: 1ª (15 de março de 2016)
  • Idioma: Português
  • ISBN-10: 8588193086
  • ISBN-13: 978-8588193086
  • Dimensões do produto: 20,6 x 14 x 1,3 cm
  • Peso de envio: 295 g

Por Que Estou Assim?

Por Que Estou Assim?

“Por Que Estou Assim?” fala diretamente ao jovem sobre esse momento difícil que é a adolescência. Explica porque essa passagem da vida infantil para a adulta é vivida, muitas vezes, com muito sofrimento.

Tendo por base a Psicanálise, Cybelle Weinberg trata das relações do jovem com a família, com a escola e com os amigos. E aborda, ainda, a relação do adolescente com seu próprio corpo, falando de sexualidade, drogas e transtornos alimentares.

  • Capa comum: 126 páginas
  • Editora: Sá (22 de agosto de 2007)
  • Idioma: Português
  • ISBN-10: 8588193299
  • ISBN-13: 978-8588193291
  • Dimensões do produto: 20,3 x 13,5 x 1,3 cm
  • Peso de envio: 440 g

Transtornos alimentares na infância e adolescência. Uma visão multidisciplinar.

Transtornos alimentares na infância e adolescência. Uma visão multidisciplinar.

Os Transtornos Alimentares (TA), especialmente a anorexia e a bulimia, embora descritos clinicamente há pelo menos dois séculos, ganharam destaque nas últimas décadas e têm ocupado não só a mídia, como também especialistas e pesquisadores, empenhados no conhecimento dessas patologias, que acometem indivíduos cada vez mais jovens.

Este livro reúne textos de especialistas que integram o Projeto Interdisciplinar de Atendimento, Ensino e Pesquisa em Transtornos Alimentares na Infância e Adolescência, que há sete anos pesquisa e trata de pacientes adolescentes e suas famílias. Representa a primeira experiência brasileira de um serviço multidisciplinar voltado para o tratamento especializado de adolescentes com TA.

  • Capa comum: 236 páginas
  • Editora: Sá (20 de março de 2008)
  • Idioma: Português
  • ISBN-10: 8588193426
  • ISBN-13: 978-8588193420
  • Dimensões do produto: 21 x 13,6 x 1,4 cm
  • Peso de envio: 299 g

Psicanálise de Transtornos Alimentares (Volume 2)

Psicanálise de Transtornos Alimentares (Volume 2)

Psicanálise de transtornos alimentares traz importantes reflexões que resultam do exercício clínico da psicanálise e do estudo sistematizado para compreender o funcionamento metapsicológico de pacientes com anorexia e bulimia nervosas. A obra, que reúne artigos dos mais renomados especialistas em transtornos alimentares, nacionais e internacionais, representa a união de esforços em torno do compromisso de divulgar informações sobre patologias alimentares cuja prevenção e tratamento demandam uma nova abordagem. 

Composto por 18 artigos de 24 autores especialistas na área, o livro apresenta artigos que contemplam desde revisão da literatura científica aplicadas à temática até as repercussões psicológicas dos cuidados maternos. Completo e consistente, a obra dá um embasamento teórico e empírico de uma nova abordagem e visão para o tema dos transtornos alimentares.

  • Capa comum: 272 páginas
  • Editora: Primavera PSI; Edição: 1 (20 de setembro de 2016)
  • Idioma: Português
  • ISBN-10: 8555780187
  • ISBN-13: 978-8555780189
  • Dimensões do produto: 22,6 x 15,6 x 1,6 cm
  • Peso de envio: 381 g

Um artista da fome

Um artista da fome

Um artista da fome, de Franz Kafka
Cybelle Weinberg
Táki Athanássios Cordás

Kafka nasceu em Praga, em 1883, e morreu precocemente, em 1924, em Kierling, cidade próxima a Viena, em decorrência de tuberculose. Embora tenha começado a escrever por volta dos 15 anos, Franz Kafka, filho de uma família judia de classe média, teve sua obra publicada apenas postumamente, graças a Max Brod, amigo e testamenteiro, que desobedeceu a orientação de incinerar sua obra não publicada. Sua infância, influenciada pelas culturas alemã, judaica e tcheca, foi vivida em clima opressivo e dominado por uma figura paterna rígida e pouco afetuosa. Essa relação é retratada em seu livro Carta ao pai, que consiste na publicação póstuma de uma carta que Kafka escreveu em 1919 para seu pai, mas nunca chegou a ser enviada. É um convite ao estudo de sua relação ambígua com o pai. Kafka trabalhou durante toda a sua vida como agente de seguros; por um breve período, tentou seguir a carreira de escritor, mas desistiu rapidamente.
Após a publicação de sua obra, nos anos de 1920, ganha a admiração de André Breton, Jean-Paul Sartre, Albert Camus e outros intelectuais. Seus livros, já bastante famosos, foram queimados e proibidos durante o Nazismo, considerados como obra de um artista “judeu e degenerado”.
A maior parte de seus escritos seria apropriada de estar neste livro, como A metamorfose (1916), O processo (1925), O castelo (1926), Na colônia penal (1948-1949) e outros mais. Sua obra, carregada de espanto, ausência de lógica e próxima de um pesadelo, deu origem ao termo “kafkiano”.

Por que ler?
Um artista da fome é a história de um jejuador profissional que, dentro de uma jaula, se exibia ao público das cidades europeias, permanecendo sem comer por um período de 40 dias. Esse prazo, estipulado por seu empresário – o tempo necessário para manter o interesse do público -, constituía uma verdadeira ofensa ao artista da fome, que afirmava ser capaz de jejuar por muito mais tempo. Vigiado dia e noite por voluntários, o artista irritava-se profundamente com o fato de alguns deles afrouxarem a vigilância, distanciando-se da jaula para dar-lhe a chance de comer escondido, ao que ele reagia assobiando e cantando, com o intuito de provar que não estava comendo, mas aí sim achavam prodigioso que ele pudesse comer e assobiar ao mesmo tempo. Outra ofensa, suprema humilhação!
Com o passar dos anos, no entanto, o interesse do público diminuiu a tal ponto que foi necessário procurar outro meio de vida. Já velho e sem preparo para exercer qualquer outra profissão, o artista demitiu o empresário e empregou-se em um grande circo, alegando que, se o deixassem jejuar pelo tempo que quisesse, “encheria o mundo de espanto”. Atendido em seu pedido, foi colocado em uma jaula e aí ficou, esquecido, sem que ninguém mostrasse interesse por ele. Descoberto muito tempo depois, extremamente fraco, declarou antes de morrer que jejuara a vida toda porque não pudera evitá-lo. Simplesmente não encontrara o alimento certo para satisfazê-lo. Em seu lugar, foi colocada uma grande pantera que chamava a atenção de todos que por ali passavam, fascinados pela força e nobreza de seu corpo, dando “a impressão de carregar consigo a própria liberdade”.
O final do século XIX foi realmente a época dos artistas da fome, homens que exploravam sua emaciação extrema e sua extraordinária abstinência de comida. Inicialmente buscando dinheiro em feiras, passaram a se apresentar, posteriormente, em circos e parques de diversões. Os chamados “esqueletos vivos”, também no século XIX, mostravam um corpo extremamente magro, mas ao contrário dos artistas da fome, não jejuavam publicamente, apenas exibiam sua magreza. Dizia-se, sobre alguns, que eram quase transparentes, podendo-se enxergar a luz de uma vela através de seu corpo. A época a que Kafka se refere no conto sugere essa mudança na compreensão da anorexia nervosa: na Idade Média ocidental, era entendida como sinal de santidade; depois, de bruxaria; em seguida, era vista como espetáculo; e, finalmente, no século XX, como doença.
Além do elemento histórico, contudo, o profissional da saúde mental atento reconhecerá, no artista da fome, muitos dos sinais de um quadro de anorexia. Aliás, tão bem descritos que sugerem que o próprio Kafka, que viveu de forma ascética, tinha um transtorno alimentar. Ali estão expostos o orgulho do anoréxico, o ideal absurdo de um jejum sem limites, o deleite em observar o outro se alimentando, o estado de humor melancólico, o campeonato de magreza cujo prêmio é a morte.
Por fim, a vitalidade e a liberdade da pantera se contrapõem brilhantemente à impossibilidade de escolha do anoréxico: o jejum autoimposto não é uma escolha, é uma doença. O artista da fome precisava jejuar, não tinha como evitá-lo. “Porque eu não pude encontrar o alimento que me agrada. Se eu o tivesse encontrado, pode acreditar, não teria feito alarde e me empanturrado como você e todo mundo”. Para desespero do clínico, no entanto, não há alimento que possa satisfazer um sujeito com esse quadro.

Texto publicado originalmente em Cordás, TA e Barros, DM, Personagens ou pacientes? Clássicos da literatura mundial para refletir sobre a natureza humana. Porto Alegre: Artmed, 2014, p. 89-91.


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